Violência no namoro: uma realidade preocupante

Dia 14 de fevereiro celebra-se o Dia dos Namorados. Esta é uma data para celebrar o amor, principalmente entre as faixas etárias mais jovens. Ainda assim, os dados relativos à violência no namoro são preocupantes e devem ser alvo de conversas, em todas as esferas da sociedade.

A importância desta temática vai além da necessidade óbvia de proteger as vítimas, uma vez que, ao contrário da violência doméstica, no caso da violência do namoro os intervenientes são, na sua maioria, jovens adolescentes, o que acarreta impactos diferentes.

Desta forma, as consequências negativas para as vítimas podem ser vividas durante anos, ou até para o resto da vida, considerando a sua idade e desenvolvimento psicológico. A falta de confiança e autoestima, o fraco desempenho escolar e as dificuldades no desenvolvimento de capacidades sociais são apenas alguns exemplos das possíveis repercussões.

O que é a violência no namoro?

A violência no namoro é um ato de violência, pontual ou contínua, infligida por um dos parceiros (ou por ambos) numa relação de namoro, com o objetivo de controlar, dominar e ter mais poder do que a outra pessoa. Segundo a APAV - Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, existem diferentes tipos de violência no namoro, nomeadamente:

Violência física

Quando o agressor empurra, agarra ou prende, atira objetos, dá bofetadas, pontapés ou murros e ameaça usar a força física numa discussão.

Violência sexual

Quando o agressor obriga o parceiro a praticar atos sexuais, ou quando acaricia, contra a sua vontade.

Violência verbal

Quando o agressor chama nomes ou grita, humilha (através de críticas e comentários negativos), intimida ou ameaça.

Violência psicológica

Quando o agressor controla a forma de vestir, liga ou manda mensagens constantemente, controla o que o parceiro faz nos tempos livres e ameaça terminar a relação como estratégia de manipulação.

Violência social

Quando o agressor tenta denegrir a imagem da outra pessoa em público, especialmente junto de familiares e amigos. Quando mexe sem consentimento no telemóvel ou nas redes sociais e quando proíbe o parceiro de conviver com outras pessoas.

A violência no namoro em Portugal

O Estudo Nacional sobre Violência no Namoro, realizado em 2023, no âmbito da Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género (CIG), revelou que 67,5% dos jovens inquiridos não percecionam como violência no namoro o controlo, a violência psicológica, a violência sexual, a violência através das redes sociais e a violência física.

Além disso, a Polícia de Segurança Pública revelou que as queixas registadas aumentaram 10% em 5 anos, registando valores muito elevados em 2023.

Este cenário revela um contexto de legitimação dos atos de violência de namoro entre a população mais jovem, que acaba por normalizar as relações abusivas e, nesse sentido, tem mais dificuldade em terminar com as mesmas.

Medidas de prevenção da violência no namoro

Apesar dos números preocupantes de registos de violência no namoro em Portugal, existe cada vez mais informação sobre este assunto. Desta forma, as principais medidas de prevenção deste tipo de violência são:

• Observar as tendências da violência do namoro, de forma a perceber o contexto sociodemográfico das incidências e criar mecanismos de prevenção focalizados.
• Palestras nas escolas secundárias e de ensino básico, que visem a sensibilização para as diferentes formas de violência no namoro.
• Criação de gabinetes e linhas de apoio, como a Rede Nacional de Gabinetes de Apoio à Vítima da APAV e a linha telefónica 707 200 077.
• Prestação de apoio psicológico e social às vítimas, disponibilizado gratuitamente pelas escolas e universidades.
• Apoio familiar, que possibilite conversas abertas sobre este tópico, considerando a importância da educação informal.

Tome nota!

A violência no namoro assume contornos preocupantes em todo o mundo, particularmente em Portugal. De forma a prevenir este cenário, é importante falar com os jovens sobre esta temática, tanto em casa como nas escolas, de forma a difundir a informação necessária e incentivar a procura de ajuda. Se gostou deste artigo, veja também O impacto da educação na transformação social e Inteligência emocional: essencial para todos no dia a dia.