Violência Sexual: sensibilização, resposta e recuperação

A violência sexual não existe apenas nos filmes, é um problema real que deixa as vítimas numa situação extremamente vulnerável. Mas o que significa, de facto, violência sexual? E de que maneira podemos combater este problema?

A Unicef estima que, no mundo, 1 em cada 8 crianças, com menos de 18 anos, já foi abusada sexualmente. Em Portugal, só em 2022 foram registados mais de 1350 casos de crimes sexuais contra crianças ou jovens e 396 casos sobre adultos e quase 400 casos de violência sexual sobre adultos e mais de 1.350 contra crianças e jovens.

São este o tipo de estatísticas alarmantes que não queremos ouvir no nosso dia a dia. Este é um assunto que merece a atenção de toda a comunidade, sendo nosso o dever de nos mantermos informados e preparados para reconhecer e enfrentar estas situações.

O que é violência sexual?

A violência sexual acontece quando um ato de natureza sexual é levado a cabo sem que o consentimento seja mútuo, impactando profundamente a saúde e o bem-estar da vítima. A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) clarifica que, além do ato sexual sem consentimento, um comentário e uma interação de natureza sexual indesejados, ou a sua tentativa, também é considerado violência sexual.

Na comunidade, os relatos de violência sexual vêm de todas as pessoas, de todos os géneros e idades. Esta pode ocorrer pessoalmente ou online, com a publicação ou partilha de fotografias de teor sexual, por exemplo.

Deste modo, está presente no Código Penal Português um capítulo dedicado a assuntos de violência sexual: “Dos crimes contra a liberdade e autodeterminação sexual”.

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Que atos são considerados violência sexual?

Qualquer ato íntimo que não garanta o consentimento de ambas a partes é considerado violência sexual. Esta envolve muitas vezes ações como a pressão, manipulação, intimidação, ameaças e a força que resulte em:

  • Contacto íntimo indesejado;
  • Ato sexual sem consentimento;
  • Comentários de carácter sexual que causem à vítima desconforto;
  • Obrigar a assistência ou a participação em atividades de caráter pornográfico;
  • Forçar alguém a prostituir-se;
  • Grooming online.

 

Quais é que podem ser as consequências?

É importante lembrar que aquilo que as vítimas vivem depois de qualquer tipo de violência sexual é uma reação a um trauma. Os seus sentimentos de impotência, vergonha, incapacidade e auto-culpa são sintomas, não a realidade. As consequências da violência sexual são:

  • Físicas, como hematomas, lesões genitais, infeções sexualmente transmissíveis e gravidez;
  • Psicológicas, como depressão, ansiedade, stress pós-traumático e pensamentos suicidas.

A violência sexual também está associada a comportamentos negativos para a saúde. Os sobreviventes de violência sexual têm maior probabilidade de fumar, abusar do álcool, consumir drogas e envolver-se em atividades sexuais de risco. Podem ter dificuldade em manter relações pessoais, regressar ao trabalho ou à escola e recuperar um sentido de normalidade.

Para prevenir a violência sexual, temos de compreender e abordar os fatores que colocam as pessoas em risco. E para prevenir estes tipos de violência é necessário instruir a comunidade:

  • Educar a comunidade;
  • Promover normas sociais;
  • Criar ambientes seguros;
  • Dar apoio às vítimas.

 

Como agir com vítimas de violência sexual?

Além da estruturação a nível social, é importante também aprendermos a agir com as vítimas de violência sexual. Perceber de que forma é que as podemos ajudar através das nossas ações e esforços. Assim, é da sua paciência, compreensão e apoio que a pessoa de quem cuida precisará.

  • Dê tempo: Algumas vítimas de agressão sexual têm muita dificuldade em falar sobre o que aconteceu. Evite forçar a pessoa a falar.
  • Incentive a procura de ajuda: Dê à vítima um número de linha de apoio, mas deixe-a decidir se quer ou não telefonar. Dê a autonomia à vítima.
  • Mostre empatia: É comum que alguém que tenha sido agredido sexualmente evite o toque físico, mas também é importante que não sinta que as pessoas mais próximas estão a afastar-se. Além de expressar verbalmente o seu afeto, peça autorização para abraçar, por exemplo.
  • Cuide de si: Mantenha-se calmo. Quanto mais calmo, relaxado e concentrado estiver, melhor será capaz de ajudar. Se precisar contacte também uma linha de apoio.

 

O que fazer se for vítima de violência sexual?

É importante também as vítimas perceberem que se podem ajudar a si mesmas. Aqui estão alguns mecanismos que as podem ajudar a uma melhor recuperação.

Fale sobre o que aconteceu

Pode ser extremamente difícil admitir que se sofreu de violência sexual. Parece mais fácil minimizar o que aconteceu ou guardar segredo. Mas através do silêncio, nega ajuda a si próprio.

Lide com os sentimentos de culpa e vergonha

Mesmo que compreenda que não tem culpa, pode continuar a debater-se com um sentimento de culpa ou vergonha. À medida que reconhece a verdade sobre o que aconteceu, será mais fácil aceitar plenamente que não é responsável.

Volte a ligar-se ao corpo e sentimentos

Uma vez que o sistema nervoso está num estado de hipersensibilidade pode existir uma tentativa de evitação do trauma vivido. Mas não é possível anestesiar seletivamente os sentimentos.

Mantenha-se em contacto

É comum sentir-se isolado e desligado dos outros após uma agressão sexual. Pode sentir-se tentado a afastar-se das atividades sociais. O apoio de outras pessoas é vital para a recuperação.

 

Tome Nota!

É uma tarefa de todos, querermos criar um impacto positivo na resposta a este problema. Só através da nossa ação é que podemos criar um futuro melhor e mais otimista. Explore o tema da sustentabilidade social e ambiental em artigos, iniciativas e boas práticas da Missão Continente.