O perigo iminente da desflorestação: causas e consequências

A perda de florestas atingiu um ritmo preocupante em todo o mundo. Ainda que este assunto passe muitas vezes despercebido, dado que a maior parte da população vive em cidades, os efeitos da desflorestação são alarmantes e afetam toda a espécie humana. Conheça as causas e consequências deste fenómeno e qual é a sua expressão em Portugal.

O Dia Internacional das Florestas é celebrado dia 21 de março com o propósito de despertar a consciência da população para a importância da preservação das florestas do nosso planeta e para a necessidade de travar a desflorestação atualmente em curso. 

Apesar da maior parte da população viver nos grandes centros urbanos, as florestas são essenciais à sobrevivência da espécie humana. Entre outras coisas, as florestas fornecem o ar que respiramos, purificam a água que bebemos, absorvem as emissões de dióxido de carbono e são a “casa” para milhões de espécies de plantas e animais que contribuem para o equilíbrio da biodiversidade. 

Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), entre 1990 e 2020 perderam-se 420 milhões de hectares de floresta no mundo. O continente africano e a América do Sul foram as regiões mais afetadas pela desflorestação nos últimos anos, por sua vez na Ásia e Europa a tendência foi de crescimento florestal. Contudo, a relevância deste assunto mantém-se no contexto europeu, uma vez que este crescimento florestal tem vindo a diminuir.

Esta questão tem despertado a atenção de várias associações ambientais, que exigem que a desflorestação esteja na ordem do dia das leis e regulamentos dos governos nacionais e da União Europeia. Em 2022, como forma de dar resposta a estas preocupações, o Parlamento Europeu aprovou um regulamento que obrigará as empresas a verificar se os produtos vendidos na UE não foram produzidos em terras desflorestadas. 

Causas da desflorestação 

A atividade humana é a grande responsável pela tendência de desflorestação que se tem desencadeado nos últimos anos. As principais causas antropogénicas da desflorestação são:

Consequências da desflorestação

A desflorestação é, habitualmente, um dos tópicos mais associados ao tema da proteção ambiental. Todavia, nem sempre é claro quais são os reais impactos negativos deste fenómeno para o planeta. As principais consequências da desflorestação são:

  • Aquecimento global e outras alterações climáticas, devido à redução de árvores que absorvem o dióxido de carbono.
  • Extinção de plantas e animais exóticos, como os orangotangos e os jaguares. 
  • Erosão do solo, que acaba por se deslocar até rios e outros fluxos de água, destruindo estruturas hidroelétricas e sistemas de irrigação. 
  • Perigo de vida para as tribos indígenas e populações que habitam nas florestas ou dependem delas diretamente para sobreviver. 
  • Perturbações do ciclo da água, devido à eliminação das árvores que são responsáveis pela libertação para a atmosfera da água presa nos solos, que mais tarde se transforma em chuva. 

desflorestação missão continente

A desflorestação em Portugal

Segundo a Quercus, entre 2001 e 2014, Portugal foi o quarto país do mundo com a maior taxa de desflorestação, contrariando a tendência de crescimento do resto da Europa. Este é um problema nacional de extrema importância, que deve estar compreendido nos programas governamentais de reforma das florestas.

A desflorestação em Portugal tem algumas causas particulares, nomeadamente: 

  • O olival intensivo, segundo o qual se eliminam todas as espécies autóctones existentes previamente no terreno.
  • Os incêndios florestais, que são muito recorrentes e, por vezes, não permitem um restabelecimento dos povoamentos. 
  • A construção de empreendimentos turísticos, uma vez que o setor do turismo tem um peso cada vez maior na economia do país. 
  • A construção de infraestruturas industriais como autoestradas e barragens. 

Tome nota!

A desflorestação é um problema ambiental com consequências imediatas, tanto em Portugal como no resto do mundo. Cada vez mais torna-se urgente repensar os produtos que consumimos e incentivar os governos e a sociedade a valorizar as florestas como um dos bens mais preciosos do nosso planeta.