Exposição a ecrãs na infância: quanto tempo é muito tempo?

Pais, escolas, empresas e sociedade em geral têm um papel crucial na promoção de um uso responsável dos meios digitais, em prol do equilíbrio e desenvolvimento saudável. Saiba como pode ajudar as crianças a desenvolverem a sua responsabilidade digital e a mitigar potenciais efeitos nefastos da exposição ao ambiente digital.

Por crescerem rodeadas de tecnologia e de adultos que a usam a toda a hora, — sejam telemóveis, tablets, computadores ou consolas, entre outros —, as crianças estão cada vez mais cedo expostas ao ambiente digital e à utilização destes dispositivos. Algumas, mesmo antes de saberem andar ou falar.

À semelhança dos adultos, as crianças usam frequentemente estas tecnologias não apenas para fins de entretenimento e de comunicação, mas também numa vertente educativa.

O impacto da exposição aos ecrãs na infância tem vindo a ser amplamente investigado, com várias recomendações elaboradas para potenciar os benefícios da utilização de ferramentas tecnológicas digitais e, por outro, proteger as crianças dos malefícios associados a uma utilização pouco racional.

Pais, educadores, escolas, empresas – com dever legal de proteção da privacidade de crianças e adolescentes no ambiente digital – e sociedade em geral têm um papel fundamental na promoção de uma utilização responsável dos meios digitais, em prol do equilíbrio e desenvolvimento saudável das crianças.

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Para diferentes idades, diferentes recomendações

Mais tempo de ecrã significa menos tempo brincar, estudar, falar ou até dormir. A Sociedade Portuguesa de Pediatria acredita que o tempo excessivo de ecrã está associado ao desenvolvimento deficitário das capacidades físicas e cognitivas, contribuindo para problemas de sono, obesidade, depressão e ansiedade. De acordo com as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS), as crianças:

- Com menos de 1 ano não devem ser expostas a ecrãs eletrónicos;

- Entre os 2 e os 4 anos não devem estar mais de 1 hora por dia expostas a ecrãs, incluindo jogos de computador ou televisão.

A Organização Mundial da Saúde relembra ainda que crianças de 1 a 4 anos devem ter pelo menos 3 horas de atividade física por dia. O sedentarismo está relacionado ao tempo de ecrã e é responsável por mais de 5 milhões de mortes em todo o mundo por ano: 25% dos adultos e 80% dos adolescentes não são suficientemente ativos, muito devido à utilização de aparelhos eletrónicos.

Como reduzir o tempo de ecrã?

Com o objetivo de fomentar a responsabilidade digital, reduzir e tirar o melhor do tempo de ecrã, deixamos-lhe algumas dicas de como o pode fazer:

Evite deixar a criança sozinha, durante o tempo de ecrã: acompanhe a visualização dos conteúdos, ajudando a criança a interpretar o que vê;

- Use filtros de controlo parental e respeite a idade mínima aconselhada para cada conteúdo.

Estabeleça o equilíbrio: em idade escolar devem ser estabelecidos limites de tempo e tipo de programas, para que haja um equilíbrio entre o tempo de ecrãs e outras atividades.

Defina tempos sem ecrã: em família, tempos sem ecrã que devem ser comuns a todos os membros da família. É importante ser um modelo a seguir e dar o exemplo!

Promova a educação para a cidadania digital: sensibilize as crianças e os jovens para os comportamentos de risco online, como o ciberbullying, a partilha inadequada de informações pessoais e a interação com estranhos.

Alerte sobre a partilha responsável de informações e imagens online: tendo sempre presente a importância do respeito à privacidade e a noção de pegada digital.