Burnout: da sua vida social à profissional

As fronteiras entre a vida profissional e a vida doméstica são cada vez mais ténues. Muitos de nós trabalhamos mais horas e os meios de interação social mudaram. Entre outras doenças e estados associados à exaustão, há o burnout.

O que é um burnout?

 O burnout é um estado de exaustão física, emocional e mental causado pelo stress prolongado e por excessivas exigências de trabalho, levando a uma redução na produtividade e a sensação de distanciamento das responsabilidades e interesses do indivíduo.

A ocorrência deste estado torna-se mais recorrente quando há uma desconexão entre a organização e o indivíduo. A perda do valor intrínseco do trabalho, a globalização económica, a divisão do poder e a redução da responsabilidade social e, ao nível do trabalhador, o sentimento de sobrecarga de trabalho, a perda de controlo, e a falta de recompensa pelo trabalho foram algumas das causas para o crescimento repentino desta síndrome nos dias de hoje.

Alguns autores defendem que a síndrome de burnout é caracterizada por três etapas diferentes:

• Despersonalização: o contacto com os pares passa a ser mais impessoal e sem afetividade;
• Esgotamento: sensação de desgaste e exaustão física e emocional;
• Alteração na produtividade: maior desmotivação com trabalho, o que resulta na diminuição da concentração e performance.

O conceito de burnout tem evoluído ao longo do tempo. A sua génese, ainda que incerta, é muitas vezes atribuída a Freudenberg, em 1974, mas as primeiras referências a experiências semelhantes foram feitas por Bradley, em 1969, ao descrever a fadiga e a desmotivação dos polícias.

Sintomas do burnout

Da perspetiva biológica, o estado de burnout pode desregular também o organismo. Em stress, a libertação de cortisol, a hormona associada ao mesmo, tende a aumentar, levando a uma subida da pressão arterial e níveis de açúcar no sangue.

A acrescentar, os sistemas hormonais ficam desequilibrados e a capacidade defensiva do organismo enfraquece, tornando-o mais suscetível a doenças. Assim, o burnout manifesta-se através de sintomas que podem-se manifestar de forma física, emocional e comportamental:

• Dores de cabeça;
• Fadiga;
• Alterações no apetite/sono;
• Sentimento de impotência;
• Sensação de que está sempre sobrecarregado;
• Sentimento de insegurança;
• Diminuição da satisfação;
• Sensação de isolamento;
• Diminuição do desempenho nas tarefas quotidianas.

Consequências do burnout

As consequências do burnout podem ser debilitantes, afetando tanto os aspetos pessoais como profissionais da vida. Incluem frequentemente uma diminuição do desempenho profissional, um risco acrescido de problemas de saúde física e mental, e relações tensas com colegas e entes queridos devido à exaustão emocional e cognitiva.

Alguns dos impulsionadores desta síndrome, muitas vezes podem passar despercebidos:

• Trabalhar demasiado, sem socializar ou relaxar;
• Falta de relações próximas e de apoio;
• Demasiadas responsabilidades, sem ajuda suficiente;
• Não dormir o suficiente.

A abordagem imediata do burnout é crucial para evitar efeitos negativos a longo prazo no bem-estar e na qualidade de vida em geral.

Dicas para evitar o burnout

Qualquer desvio normativo da saúde mental irá provocar instabilidade não só a nível individual como também a nível interpessoal. Deste modo, lembre-se de se cuidar, para assim poder cuidar dos outros também.

Se reconhecer alguns destes sinais de alerta no seu dia a dia, procure recuperar uma sensação de bem-estar das seguintes formas:

• Recorra a outras pessoas para obter apoio;
• Encontre valor e equilíbrio no seu trabalho/vida;
• Reavalie as suas prioridades;
• Alimente a sua criatividade fazendo algo interessante;
• Faça atividade física.

Tome Nota!

Ao compreender melhor o que é o burnout ficamos a conhecer melhor não só a nossa, mas também a saúde e bem-estar da comunidade. Reserve alguns momentos para cuidar do seu bem-estar mental e ajude quem lhe pedir apoio. Explore mais artigos, as iniciativas e boas práticas da Missão Continente.