Braille: um sistema pela inclusão dos deficientes visuais

Sabia que o Dia Mundial do Braille é celebrado a 4 de Janeiro, desde 2018, para reconhecer que o acesso à linguagem escrita é essencial para os direitos das pessoas cegas e deficientes visuais? Conheça melhor o sistema Braille e a sua importância na inclusão e equilíbrio da comunidade.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), há cerca de 2,2 mil milhões de pessoas no mundo que sofrem de deficiência visual ou cegueira. Apesar de não termos números concretos em Portugal, a Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO) tem como referência os dados dos Censos 2011 que indicam que há cerca de 900 mil portugueses com dificuldades de visão, dos quais cerca de 28 mil não conseguem ver com óculos ou lentes de contacto, sem contar com aqueles que têm baixa visão.

Mas, a evolução tem sido notória, especialmente desde a publicação em Diário da República do Decreto-Lei n.º 126/2017,que oficializa o Braille como ferramenta imprescindível à integração familiar, escolar, profissional e social das pessoas com deficiência visual.

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O que é o Braille?

Desenvolvido no séc. XIX, o Braille é um sistema de escrita tátil fundamental para pessoas cegas ou que têm muito pouca visão. É através dele que comunicam entre si e se conectam com o que os rodeia, leem, escrevem e, acima de tudo, conseguem integrar-se na sociedade de forma independente.

Os deficientes visuais dependem do Braille para ler e escrever. Este sistema utiliza uma matriz de pontos com relevo, geralmente agrupados em linhas de três pontos horizontais por dois pontos verticais que, combinados, representam as letras do abecedário, números, símbolos, palavras e abreviaturas. Através do toque e percorrendo as linhas com os dedos, aqueles que não conseguem ver, leem, e para escrever adotam o mesmo método.

Mesmo após o surgimento desta forma de escrita e, especialmente, em países menos desenvolvidos ao nível da educação especial (como é o caso de Portugal), estas pessoas acabaram por viver um pouco à margem da sociedade e de forma, quase sempre, dependente.

 

O papel do Braille na inclusão

Viver num mundo que se desenvolveu sem ter em conta as necessidades dos cegos e daqueles que têm baixa visão, não é fácil. O Braille é o ponto de partida para a inclusão dessas pessoas, uma vez que lhes vai permitir participar em diferentes atividades e interagir com a sociedade de forma independente, sem depender de outros.

Estas são algumas das razões pelas quais o Braille é tão importante na integração destas pessoas na sociedade:

Educação: o Braille é fundamental no contexto da educação porque permite que pessoas com deficiência visual leiam livros didáticos, tenham acesso a todo o material escolar e estudem num contexto adaptado que lhes garanta uma experiência o mais “normal” possível, com as mesmas oportunidades dos demais colegas. Para que isto funcione, o ensino especial assume um papel preponderante, uma vez que antes de qualquer outra coisa, estas pessoas têm de aprender a ler e escrever Braille.

Independência: sabendo ler e escrever Braille, e havendo cada vez mais material didático e informativo em Braille, as pessoas com deficiência visual não dependem dos outros. Isso é crucial para sua autonomia e para serem independentes no quotidiano, a circular, mas também a tratar de assuntos pessoais, realizar tarefas profissionais, etc.

Comunicação: o Braille permite que pessoas cegas comuniquem facilmente entre si.

Oportunidades Profissionais: ler e escrever em Braille é um requisito para pessoas cegas poderem trabalhar e é também uma mais-valia profissional.

Igualdade de Oportunidades: o Braille contribui para a promoção da igualdade de oportunidades para pessoas cegas ou com baixa visão. Também ajuda a superar barreiras educacionais, profissionais e sociais, garantindo que estas pessoas têm as mesmas oportunidades e dispõem das ferramentas necessárias para concorrer em pé de igualdade.

 

Braile em Portugal

Apesar das dificuldades, a evolução tem sido notória, especialmente desde a publicação em Diário da República do Decreto-Lei n.º 126/2017, que oficializa o Braille como ferramenta imprescindível à integração familiar, escolar, profissional e social das pessoas com deficiência visual.

Acima de tudo, este Decreto-Lei veio regulamentar e criar regras para o ensino e utilização do sistema Braille em Portugal:

  • Aplicou o Braille a todas as grafias, nomeadamente à língua portuguesa, à matemática, química, informática e música.
  • Adaptou este sistema de escrita às necessidades atuais.
  • Oficializou os sinais usados e as diferentes aplicações do Braille.
  • Definiu condições para o enquadramento, estruturação, normalização e orientação do uso do Braille.
  • Criou condições para garantir o acesso ao ensino do Braille e o desenvolvimento do sistema como ferramenta de leitura e escrita indispensável à integração das pessoas com deficiência visual em diferentes contextos.

 

Tome Nota!

Da educação à comunicação, passando inevitavelmente pela contribuição na igualdade de oportunidades, o Braille veio incluir pessoas invisuais ou com dificuldades visuais na comunidade através da escrita e leitura. Conheça este e outros temas nos artigos do blog Missão Continente.