Cidades inclusivas: projetar espaços para a sustentabilidade social

Sabia que 55% da população mundial vive em cidades? Os dados são das Nações Unidas e reflete o desafio do crescimento da (sobre)população urbana. É neste contexto que surge a necessidade de criar cidades inclusivas e sustentáveis, que garantam o bem-estar de toda a população.

As cidades devem estar no centro das decisões tomadas no âmbito social. E, atualmente, têm-se estabelecido enquadramentos para criar centros urbanos mais inclusivos. Este propósito espelha-se também nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, em particular no Objetivo 11: Cidades e comunidades sustentáveis, que pretende “tornar as cidades inclusivas, seguras, resilientes e sustentáveis” até 2030.

O que são as cidades inclusivas?

O crescimento da população urbana teve algumas consequências negativas, em particular a perda de atividades tradicionais e de muitos postos de trabalho, a crise da habitação e a criação de minorias marginalizadas.

As cidades inclusivas procuram dar resposta a estas e outras questões sociais, que acentuam as desigualdades sentidas entre a população urbana. O World Bank estabeleceu três eixos onde o desenvolvimento destas cidades deve assentar:

• Inclusão espacial (providenciar necessidades básicas como habitação acessível e serviços de água e saneamento).
• Inclusão social (garantir direitos e oportunidades iguais para toda a população, incluindo a mais marginalizada).
• Inclusão económica (criar oportunidades de emprego e garantir que toda a população beneficia do crescimento económico da cidade).

Uma cidade é considerada inclusiva se estiver alinhada com os princípios dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU: um espaço de acessibilidade, oportunidade e igualdade para todas as pessoas.

Principais características das cidades inclusivas

Com o objetivo de criar cidades cada vez mais inclusivas, têm sido estabelecidas - entre cientistas e organizações – as características essenciais para estes espaços, nomeadamente:

• Garantia do acesso universal a espaços públicos seguros e inclusivos (por exemplo, meios de transporte acessíveis a pessoas com deficiência).
• Utilização eficiente dos recursos disponíveis, adaptando a realidade urbana às alterações climáticas (por exemplo, através de construção e arquitetura mais sustentável).
• Assegurar um planeamento urbano integrado e sustentável, com base na participação dos cidadãos.
• Criar mecanismos de proteção da população migrante, que representa uma grande parte da população urbana e, de forma geral, é mais marginalizada e pobre.
• Garantir o acompanhamento escolar adequado a estudantes com necessidades especiais e estudantes provenientes de minorias marginalizadas.

Exemplos de cidades inclusivas

Em todo o mundo, algumas cidades foram destacadas pela ONU por já terem implementadas medidas de inclusão e acessibilidade. Estas devem servir de exemplo a outras que tenham este objetivo:

Copenhaga, Dinamarca

Em 2011, a cidade adotou uma política que pretendia eliminar as desigualdades sentidas nos subúrbios, através do foco em iniciativas educacionais e sociais, que pretendiam ajudar crianças migrantes e com necessidades especiais.

Amã, Jordânia

O município da capital Amã colocou as crianças como uma prioridade na sua agenda, especialmente em zonas mais desfavorecidas da cidade. As principais iniciativas foram a criação de parques, bibliotecas infantis, zonas de computadores e centros culturais.

Blantyre, Malawi

Esta cidade criou mecanismos para facilitar empréstimos a pequenas e médias empresas criadas por pessoas com deficiência e com dificuldades financeiras. Desta forma, os obstáculos sociais são minimizados e a economia local da cidade é fomentada.

Joanesburgo, África do Sul

Considerando a necessidade de criação de espaços públicos seguros, a cidade de Joanesburgo implementou medidas que pretendem facilitar a acessibilidade da população urbana. As infraestruturas e estradas foram melhoradas, de forma a alcançar comunidades mais pobres residentes nos subúrbios.

Tome nota!

Os grandes centros urbanos têm crescido um pouco por todo o mundo, albergando mais de metade da população mundial. Assim, é importante garantir que estes espaços são inclusivos e sustentáveis, possibilitando a acessibilidade a serviços de qualidade para todos. Só este planeamento permitirá o bem-estar da população urbana num todo.